Reprodução dos Guppies (Poecilia reticulata)

A reprodução é um conjunto de processos biológicos que possibilitam a continuidade e até (a muito longo prazo) a evolução das diversas espécies, tendo como resultado a formação de novos indivíduos semelhantes aos seus progenitores.

Os guppies, assim como a grande maioria dos animais, têm um processo de reprodução sexuada, isto é, são formados novos indivíduos a partir da união de dois gâmetas. Os gâmetas são células haplóides resultantes de processos de meiose, cada gâmeta têm metade do número de cromossomas característicos da espécie.

Quando são obtidos novos seres com intervenção de apenas um progenitor, ou seja, sem que ocorra fusão de gâmetas, estamos perante um caso de reprodução assexuada. Os descendentes são geneticamente iguais ao seu progenitor, podemos então denominar este tipo de reprodução também por clonagem.

Os gâmetas são provenientes das gónadas. No caso dos guppies, uma fêmea tem ovários, onde são originados os gâmetas femininos e um macho tem espermarias, local onde são produzidos os gâmetas masculinos (espermatozóides). Cada individuo tem apenas um tipo de gónadas, por isso os guppies são animais unissexuados.

Para que se recupere a diploidia (número total de cromossomas característicos da espécie), ocorre a fecundação que consiste na junção de dois gâmetas.

Apesar de viverem em meio líquido, os guppies realizam reprodução interna, ou seja, o encontro entre os gâmetas femininos e masculinos ocorre no interior da fêmea. Na maioria dos animais aquáticos a fecundação é externa, sendo ambos os gâmetas libertos na água onde ocorre a sua junção.

Para possibilitar a transferência de espermatozóides para o interior da fêmea, a barbatana anal do macho vai-se alterando até que o macho atinja a maturidade formando o gonopódio. Nos primeiros dias de vida a barbatana anal dos machos é muito semelhante à das fêmeas, mas os nove raios que a constituem vão-se deslocando para a frente e agrupando-se. A extremidade do raio mais comprido (o terceiro) vai formar um gancho apontado para trás. O gonopódio encontra-se atrás do poro urogenital (poro de onde é expelido o esperma) e em frente deste há duas barbatanas pélvicas. Estas duas barbatanas em conjunto com o gonopódio formam um tubo temporário durante o acasalamento. O esperma percorre este tubo até alcançar o orifício genital da fêmea.

Gonopódio de Guppies

O esperma aguarda o amadurecimento do primeiro lote de gâmetas femininos no ovário, seguidamente ocorre a fecundação. Após a gestação este lote sai do oviduto para o exterior da fêmea, imediatamente os ovos eclodidos transformam-se em alevinos (peixe recém-nascido) prontos para a aventura! Agora o próximo lote inicia a maturação e pode depois ser fecundado por esperma que tenha ficado de reserva da primeira copulação ou por esperma novo.

O tempo de gestação (desde o dia da fecundação até ao dia do nascimento) varia entre 22 e 24 dias, mas os partos só ocorrem a cada 27-30 dias. Assim sendo os dias restantes correspondem ao tempo necessário para a amadurecimento dos óvulos, sendo que é um processo periódico.

A fêmea consegue armazenar o esperma de um acasalamento até 8 meses no oviduto, originando no máximo 8 ninhadas sucessivas, mas quando ela é fertilizada por outro macho o esperma do último prevalece. Até mesmo fêmeas imaturas podem guardar esperma para uma futura fecundação quando estiverem prontas para tal.

Uma fêmea adulta pode gerar até 100 descendentes de uma só vez, mas habitualmente este número varia entre os 30 e os 60.Os guppies estão aptos para se reproduzirem, normalmente, aos 2 ou 3 meses de idade, dependendo do seu grau de desenvolvimento, que por sua vez depende das condições em que se encontram (alimentação, temperatura… e principalmente o espaço disponível).

Os indivíduos desta espécie são considerados ovovivíparos quanto à sua reprodução, uma vez que os embriões se desenvolvem dentro de um ovo, sendo que este está abrigado dentro do corpo da mãe. Ao contrário dos seres vivíparos em que o embrião está em contacto directo com a progenitora, no caso dos ovovivíparos o embrião não tem qualquer ligação ao corpo da fêmea, obtendo as substâncias necessárias ao seu desenvolvimento exclusivamente das reservas nutritivas que constituem o saco vitelinico existente dentro do ovo.

Assim que os novos seres estão preparados, os ovos eclodem no interior do oviduto materno e os alevinos são expelidos pelo orifício genital da fêmea. Quando nascem já estão perfeitamente adaptados ao seu novo meio circundante.

Pode-se identificar facilmente quando uma fêmea está prestes a dar à luz. A futura mamã tem uma respiração ofegante, o abdómen apresenta-se bem mais volumoso que o normal e surge uma mancha escura (vulgarmente chamada de “mancha da gravidez”) junto da barbatana anal, no decorrer da gestação esta mancha vai aumentando.

Sendo que o canibalismo é muito frequente nesta espécie a fêmea deve ser colocada numa maternidade (acessório de plástico que separa a fêmea dos restantes peixes do aquário e quando nascem os alevinos separa-os da progenitora que também os poderá comer) ou num aquário à parte, quando o nascimento está para breve.

Fontes de informação:

http://aquamania.blogs.sapo.pt/5807.html

http://www.geocities.com/Petsburgh/4047/guppye.htm

http://blogdosbichos.blogs.sapo.pt/arquivo/031001.html

http://ocantinhodosanimais.com/v1/content/view/30/41/

http://www.forumamordepeixe.com.br/viewtopic.php?f=36&t=130

http://clientes.netvisao.pt/ut021507/guppys_para_iniciantes.htm

http://www.scribd.com/doc/22209734/Unidade-09-Sistema-Reprodutivo